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segunda-feira, 23 de maio de 2011

AS CRIANÇAS ESTÃO BEM





MINHAS MÃES E MEU PAI
(The Kids Are All Right, 2010)

Mais um bom filme da safra de 2010, com elenco bem afinado e direção acertada. MINHAS MÃES E MEU PAI usa da história nada convencional de irmãos adolescentes - Joni (Mia Wasikowska) e Laser (Josh Hutcherson) - criados por uma casal de lésbicas - Nic (Annette Bening) e Jules (Julianne Moore) - que engravidaram através de inseminação artificial de um mesmo doador de esperma - Paul (Mark Ruffalo) - para compor um filme de gênero. E que gênero seria este!? O gênero de filme independente norte-americano, abusando do uso de famílias desajustadas, tragicomédias e fotografia mais crua, coloca-se no mercado como uma saudável - até agora - alternativa. Só para citar exemplos PEQUENA MISS SUNSHINE, A LULA E A BALEIA e já novo clássico OS EXCÊNTRICOS TENEMBAUS.

Num ambiente urbano periférico, o olhar da diretora revela cenas incomuns no cinema estadudinense; ainda assim, são cenas com muita luz, alvejadas, inofensivas. Mesmo no ambiente mais refinado da casa das mães, a luz se comporta de forma acolhedora, morna. Mesmo contendo cenas picantes de sexo - a maioria protagonizada por Paul - não está no file a intenção de chocar seu público. Por covardia ou por sutileza, o uso de temas como lesbianismo, inseminação artificial, sexo, adolescência, adultério, não são explorados no cerne. A grande falha do roteiro está em abandonar discussões que se levantam, mas logo evaporam e mesmo personagens que orbitam o elenco principal são lançados ao limbo sem dó, por mero capricho. O conflito que se inicia quando Joni, a pedido do irmão Laser, liga para seu pai biológico, sem o conhecimento das mães, poderia desencadear um mal-estar em série, porém, o clima de bem-estar permanece: vez ou outra surge um impecilho ao comodismo dos personagens, mas, um a um tais "impecilhos" vão sendo esquecidos, sem qualquer resolução.

O grande trunfo está no elenco! Bening entrega uma Nic que age como "homem da casa", controladora, sofisticada, com padrões altos de etiqueta. Jules tem todo olhar benigno de Moore; meiga, dócil, insegura e domada. O Paul de Ruffalo é o arquétipo do garanhão: Instável, suado, viril e péssimo com as palavras. O trio de atores carrega o filme. O caso sexual entre Paul e Jules, um tanto incoerente, mas aceitável (o ser humano é complicado, sim!), cria maior tensão do que as relações de Laser - que desinteressa-se por Paul - e Joni que enxerga em Paul a figura do pai-heroi. Afinação do elenco permite a emapatia do público. Cenas de embaraço e constrangimento costuram toda a trama. Existe uma aura adolescente e rebelde, também. Sempre que um personagem vê-se acuado foge, soltando um sonoro "fuck you". Imaturidade dos personagens que denuncia a dos roteiristas.

Mas, embora cheio de defeitos e irresoluto, MINHAS MÃES E MEU PAI ainda confere ao espectador momentos agradáveis diante da tela. Destaque tamém para trilha inspirada de Carter Burwell, compositor conhecido do cinema indie, grande parceiro e colaborador dos irmãos Cohen.

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MAKING OF:

Sem making of. Uma solidão agradável no quarto, madrugada fria, agasalhado nos cobertores. Fone de ouvido. Sem fazer nada…

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